24 de set. de 2009

Doningo no parque

O rei da brincadeira
Ê, José!
O rei da confusão
Ê, João!
Um trabalhava na feira
Ê, José!
Outro na construção
Ê, João!...

A semana passada
No fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde
Saiu apressado
E não foi prá Ribeira jogar
Capoeira!
Não foi prá lá
Pra Ribeira, foi namorar...

O José como sempre
No fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo
Um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio...

Foi no parque
Que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu
Foi que ele viu Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João...

O espinho da rosa feriu Zé
(Feriu Zé!) (Feriu Zé!)
E o sorvete gelou seu coração
O sorvete e a rosa
Ô, José!
A rosa e o sorvete
Ô, José!
Foi dançando no peito
Ô, José!
Do José brincalhão
Ô, José!...

O sorvete e a rosa
Ô, José!
A rosa e o sorvete
Ô, José!
Oi girando na mente
Ô, José!
Do José brincalhão
Ô, José!...

Juliana girando
Oi girando!
Oi, na roda gigante
Oi, girando!
Oi, na roda gigante
Oi, girando!
O amigo João (João)...

O sorvete é morango
É vermelho!
Oi, girando e a rosa
É vermelha!
Oi girando, girando
É vermelha!
Oi, girando, girando...

Olha a faca! (Olha a faca!)
Olha o sangue na mão
Ê, José!
Juliana no chão
Ê, José!
Outro corpo caído
Ê, José!
Seu amigo João
Ê, José!...

Amanhã não tem feira
Ê, José!
Não tem mais construção
Ê, João!
Não tem mais brincadeira
Ê, José!
Não tem mais confusão
Ê, João!...

Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!...

Domingo no Parque é uma canção de Gilberto Gil, lançada em 1967. Trata-se de uma música narrativa, que conta a história de dois rapazes amigos: um deles é José, o rei da brincadeira, e o outro João, o rei da confusão. No fim de semana, ambos foram fazer o que sabiam: divertir-se e brigar, respectivamente. Mas João não ia brigar, quando viu uma moça - Juliana - no parque de diversões e se apaixona, mas é tomado de raiva quando vê Juliana com João, sendo tomado pelo ciúme e cometendo um duplo homicídio passional, levando ao anticlímax final.

A música é riquíssima em figuras de linguagem, como as metonímias, anáforas e quiasmos.

(fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Domingo_no_parque_(canção))

-Ruan Teixeira

20 de set. de 2009

Geléia Geral

Um poeta desfolha a bandeira
E a manhã tropical se inicia
Resplandente, cadente, fagueira
Num calor girassol com alegria
Na geléia geral brasileira
Que o Jornal do Brasil anuncia

Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi

A alegria é a prova dos nove
E a tristeza é teu porto seguro
Minha terra é onde o sol é mais limpo
E Mangueira é onde o samba é mais puro
Tumbadora na selva-selvagem
Pindorama, país do futuro

Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi

É a mesma dança na sala
No Canecão, na TV
E quem não dança não fala
Assiste a tudo e se cala
Não vê no meio da sala
As relíquias do Brasil:
Doce mulata malvada
Um LP de Sinatra
Maracujá, mês de abril
Santo barroco baiano
Superpoder de paisano
Formiplac e céu de anil
Três destaques da Portela
Carne-seca na janela
Alguém que chora por mim
Um carnaval de verdade
Hospitaleira amizade
Brutalidade jardim

Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi

Plurialva, contente e brejeira
Miss linda Brasil diz "bom dia"
E outra moça também, Carolina
Da janela examina a folia
Salve o lindo pendão dos seus olhos
E a saúde que o olhar irradia

Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi

Um poeta desfolha a bandeira
E eu me sinto melhor colorido
Pego um jato, viajo, arrebento
Com o roteiro do sexto sentido
Voz do morro, pilão de concreto
Tropicália, bananas ao vento

Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi

Fonte : www.vagalume.com.br

Tairla Aragão

15 de set. de 2009

Gilberto Gil - Biografia



Gilberto Gil tem um papel fundamental no processo constante de modernização da Musica Popular Brasileira. Na cena há 46 anos, ele tem desenvolvido uma das mais relevantes e reconhecidas carreiras como cantor, compositor e guitarrista. Gilberto Gil tem tido seus álbuns lançados mundo a fora, desde 1978, o ano do sucesso de sua performance no "Montreux Jazz Festival", na Suíça , gravado ao vivo.Todo ano ele viaja em excursão para a Europa, Américas e Oriente com sua música contagiante, com forte tendência rítmica e riqueza melódica, em uma mistura assim como é a mistura de povos.Ritmos do nordeste do Brasil como o baião, samba e bossa-nova foram fundamentais na sua formação. Usando essas influências como um ponto inicial, Gil formulou sua própria música, incorporando rock, reggae, funk e ritmos da Bahia, como o afoxé.A obra musical de Gilberto Gil abrange uma ampla dimensão e variedade de ritmos e questões em suas composições, pertinentes a realidade e a modernidade; da desigualdade social às questões raciais, da cultura Africana à Oriental, da ciência à religião, entre muitos outros temas. A abrangência e profundidade nos diferentes temas de sua obra musical, são qualidades específicas deste artista, fazendo de Gilberto Gil, um dos melhores e mais importantes compositores musicais brasileiros.A importância de Gilberto Gil na cultura de seu país vem desde os anos 60, quando ele e Caetano Veloso criaram o Tropicalismo. Radicalmente inovativo no cenário musical, o movimento assimilou a cultura pop aos gêneros nacionais; profundamente crítica nos níveis políticos e morais, o tropicalismo finalizou sendo reprimido pelo regime autoritário militar.Gilberto Gil e Caetano Veloso foram exilados de seu país, indo para Londres.Por seu engajamento sempre criativo em levar para o mundo o coração e a alma da música brasileira, Gilberto Gil tem sido contemplado por diversas entidades e personalidades e tem recebido muitos prêmios no Brasil e no exterior.






Fonte:

Texto - http://www.gilbertogil.com.br/
Imagem - http://www.google.com.br/

-Tairla Aragão

14 de set. de 2009

CÉREBRO ELETRÔNICO

O cérebro eletrônico faz tudo
Faz quase tudo
Faz quase tudo
Mas ele é mudo

O cérebro eletrônico comanda
Manda e desmanda
Ele é quem manda
Mas ele não anda

Só eu posso pensar
Se Deus existe
Só eu
Só eu posso chorar
Quando estou triste
Só eu
Eu cá com meus botões
De carne e osso
Eu falo e ouço.Hum

Eu penso e posso
Eu posso decidir
Se vivo ou morro por que
Porque sou vivo
Vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
No meu caminho inevitável para a morte
Porque sou vivo
Sou muito vivo e sei

Que a morte é nosso impulso primitivo e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Com seus botões de ferro e seus
Olhos de vidro

-Adriana Gabinio

7 de set. de 2009

Aquele abraço


Aquele Abraço é uma canção do cantor e compositor Gilberto Gil composta em 1969 que homenageia pessoas e figuras cotidianas do Rio de Janeiro além de ser um deboche ao quartel militar localizado no bairro de Realengo, onde foi preso durante a Ditadura. O "abraço" descrito nesta música remete aos braços do Cristo Redentor que abençoa toda a cidade. Gil escreveu a música durante seu exílio em Londres, e simboliza também, sua chegada novamente ao Rio, após o exílio.



O Rio de Janeiro

Continua lindo

O Rio de Janeiro

Continua sendo

O Rio de Janeiro

Fevereiro e março...

Alô, alô, Realengo

Aquele Abraço!

Alô torcida do Flamengo

Aquele abraço!...(2x)

Chacrinha continua

Balançando a pança

E buzinando a moça

E comandando a massa

E continua dando

As ordens no terreiro...

Alô, alô, seu Chacrinha

Velho guerreiro

Alô, alô, Terezinha

Rio de Janeiro

Alô, alô, seu Chacrinha

Velho palhaço

Alô, alô, Terezinha

Aquele Abraço!...

Alô moça da favela

Aquele Abraço!

Todo mundo da Portela

Aquele Abraço!

Todo mês de fevereiro

Aquele passo!

Alô Banda de Ipanema

Aquele Abraço!...

Meu caminho pelo mundo

Eu mesmo traço

A Bahia já me deu

Régua e compasso

Quem sabe de mim sou eu

Aquele Abraço!

Prá você que meu esqueceu

Ruuummm!

Aquele Abraço!

Alô Rio de Janeiro

Aquele Abraço!

Todo o povo brasileiro

Aquele Abraço!...

(...)


-Ruan Teixeira

29 de ago. de 2009

CÁLICE (Gilberto Gil/Chico Buarque)

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumanoQ
ue é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

Essa música, composta por Gil e Buarque é cheia de duplos sentidos e metáforas. A começar pelo título: "Cálice" (que na verdade quer dizer "cale-se") refere-se claramente, de uma maneira mesmo que subjetivada à censura da arte.

O 1º VERSO: O pedido ao "Pai" - a Deus - de afastar o "cálice", deve ser lido como uma súplica aos céus pelo fim da censura, "de vinho tinto e sangue" (marcado pela violência).

O 2º VERSO: Trata da dor de ter que engolir toda a repressão de idéias; Refere-se à angústia causada por não poder viver e falar seus sentimentos; Por fim, questiona não ser filho de "uma realidade menos morta" (questiona não ser filho de uma ignorância) - que lhe traria menos dor. ("Tanta mentira, tanta força bruta");

O 3º VERSO: Fala da dificuldade de permanecer calado, de ter que ficar vendo os fatos acontecerem da arquibancada.

O 4º VERSO: Cansado e frustrado, mesmo com boa vontade, sabe que não vai adiantar falar só pra si. Ele sabe que não vai alcançar o pensamento "dos bêbados do centro da cidade" (dos embriagados pela política).

O ÚLTIMO VERSO: Desiludido, ele quer perder de vez a cabeça e júizo, fumar, beber, e esquecer a dor

-Adriana Gabinio

28 de ago. de 2009

Perseguição

Durante o período ditatorial no Brasil foi criada a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), para censurar a arte e derivações. Todas as músicas deveriam passar por essa divisão antes de passar a circular em meio público.

Alguns representantes da MPB eram vistos como "inimigos do sistema", antes mesmo do período em que a arte passou a ser censurada no país (AI-5, 1968), entre eles Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Ambos irreverentíssimos tropicalistas baianos estavam mais inclunados na contestação social (contracultura) do que na contestação do regime militar. Mas os militares não souberam identificar esta diferença, perseguindo Caetano Veloso e Gilberto Gil pela irreverência constrangedora que causavam.

Na época da prisão dos dois cantores, em dezembro de 1968, os militares tinham de concreto contra eles, a acusação de que tinham desrespeitado o Hino Nacional, cantando-o aos moldes do tropicalismo na boate Sucata, e uma ação que queria mover um grupo de católicos fervorosos, ofendidos pela gravação do “Hino do Senhor do Bonfim” (Petion de Vilar – João Antônio Wanderley), no álbum “Tropicália ou Panis et Circenses” (1968). Juntou-se a isto a provocação de Caetano Veloso na antevéspera do natal de 1968, ao cantar “Noite Feliz” no programa de televisão “Divino Maravilhoso”, apontando uma arma na cabeça. O resultado foi a prisão e o exílio dos dois baianos em Londres, de 1969 a 1972.
(Ref.: http://virtualiaomanifesto.blogspot.com/2008/07/msica-e-censura-da-ditadura-militar.html)

Adriana Gabinio